CONTADOR DE VISITA

sábado, 27 de fevereiro de 2010

PAIS AUSENTES. CRIAÇÃO DE FILHOS DE PAIS SEPARADOS.

PAIS AUSENTES.


Sabe, meu filho, até hoje não encontrei tempo para brincar com você. Arranjei tempo para tudo, menos para vê-lo crescer. Nunca joguei dominó, xadrez ou empinei papagaio com você.

Sabe, sou muito importante. Não tenho tempo para sentar no chão com você. Não, não tenho tempo! Certa vez você veio com o caderno da escola. Não liguei. Continuei lendo o jornal. Afinal, os problemas internacionais são mais sérios que os de minha casa.

Qual a importância de eu saber se hoje você venceu ou perdeu a corrida na escola? Amanhã, quando falar com os homens de negócio, o que eu preciso saber é a cotação da bolsa e como anda a política internacional.

Sei que você sente falta do meu abraço e do meu sorriso. Mas não tenho tempo.

Você entende, sou um homem muito importante. Preciso dar atenção a muita gente, dependo delas.

Na verdade, sou um homem sem tempo. Sei que você fica chateado, porque as poucas vezes que conversamos, só eu falo, e a maior parte é bronca.

Quero silêncio! Quero sossego! E você tem a péssima mania de pular sobre a gente, de agarrar, querer contar tudo que lhe acontece. Mas o pior de tudo é que... Se você morrer agora, já, neste instante, eu ficaria com um peso na consciência, porque até hoje não arrumei tempo para brincar com você.

E sei que nada iria preencher o vazio que sua ausência deixaria em nossa casa. Oh, filho, por que eu não consigo arrumar tempo para estar com você? O mundo sente falta de homens que sejam pais. De homens que, após o dia das tarefas exaustivas, saibam ser doces e se debruçar sobre o berço do pequeno que dorme e o acariciem.

Que tenham ternura e cuidado suficientes para se erguer pela madrugada para acompanhar o filho que segue para a viagem de férias com amigos.

O mundo precisa de pais que saibam ouvir não somente os grandes empresários e o tilintar das moedas. Mas, que, se fazendo pequenos, ouçam com atenção a narrativa ofegante do garoto que chega da rua, da escola, da creche.

Esses pais formarão cidadãos nobres, homens dignos que se preocuparão com os demais, porque desde cedo aprenderam que o amor e a dedicação são peças indispensáveis para o mundo melhor que todos desejamos.



Não há motivo que justifique o abandono dos filhos por parte dos pais.Não há filhos que aceitem, de boa vontade e em sã consciência, trocar o afeto dos pais por qualquer outro tesouro. Assim, a educação exige que se estabeleçam normas claras para as crianças seguirem. Normas ditadas pelas boas maneiras, respeito aos semelhantes, modéstia e justiça.





Olá, pai! Eu, que já fui criança um dia e que agora sou jovem, quase adulto, gostaria de dizer o que vai aqui dentro do meu coração, neste dia especial. Eu sei que temos tido alguns desentendimentos, mas creia papai, você é e sempre será meu grande herói. Sabe, pai, quando observo suas mãos fortes, embora algumas marcas feitas pelo tempo, penso no quanto elas significam para mim, pois foram as primeiras a acariciar as minhas, inseguras na infância. Quando vejo seus passos firmes, não esqueço de que foram eles que orientaram meus primeiros passos... Quando você me pede para ler algumas palavras que seus olhos já não conseguem ver com precisão, faço isso com carinho, pois não esqueço das palavras que você repetiu inúmeras vezes para que eu aprendesse a falar.

Hoje eu reconheço, meu pai, que apesar dos longos invernos suportados, você ainda mantêm acesa a chama de amor e ternura pelos seres que embalou na infância... Por isso tudo, e muito mais, eu quero lhe agradecer de todo meu coração: "Pela amizade que você me devota... Pelos meus defeitos que você nem nota... Por meus valores que você aumenta... Pela minha fé que você alimenta... Por esta paz que nós nos transmitimos... Por este pão de amor que repartimos... Pelo silêncio que diz quase tudo... Por esse olhar que me reprova mudo... Pela pureza dos seus sentimentos... Pela presença em todos os momentos... Por ser presente, mesmo quando ausente... Por ser feliz quando me vê contente... Por ficar triste, quando estou tristonho... Por rir comigo, quando estou risonho... Por repreender-me quando estou errado... Por meus segredos, sempre bem guardados... Por me apontar Deus a todo instante... Por esse amor fraterno sempre tão constante.



Minhas preces têm em seus versos o seu nome.

Meu espelho tem as feições que seu semblante me emprestou.

Minha fé tem a sua certeza, a sua confiança.

Meu coração tem as sementes das suas virtudes, e o livro da história de minha felicidade, tem em todas suas páginas, a palavra “pai”.



Você, que é pai ou educador, lembre-se sempre de que sem criança não há futuro e nem esperança de dias melhores.

Educar e bem formar os pequeninos são fatores fundamentais para a construção de um Mundo mais humano e mais feliz.

E educar não quer dizer superproteger nem abafar com excesso de zelos, pois a criança é como uma planta nos jardins do mundo. O excesso de água pode afogá-la e a falta excessiva pode secá-la.

É preciso que os pais tenham segurança e firmeza na educação que estão passando.

É preciso ensinar responsabilidade.

Estabelecer a ponte do diálogo, mas saber ouvir com atenção o que o filho deseja. Incentivar o filho a falar de si mesmo, do que gosta, do que não gosta.

Passar valores sociais, valores morais, valores religiosos, sem pieguice nem afetação.

Ensinar aos filhos o respeito, a fidelidade, a honradez.

Um pai não deve temer o filho, mas amá-lo, a ponto de corrigi-lo com energia quando for necessário.





PAIS SEPARADOS

Todavia, o tempo passou...

Os anos se dobraram e, um dia... Um dia que gostaria de apagar da memória, eles me comunicaram a triste notícia...

Desejavam ser feliz... Falaram de incompatibilidade e de ir em busca de uma felicidade que eu pensava que habitasse em nosso lar.

As lágrimas me embargaram a garganta... Era como se o chão se abrisse e me tragasse num golpe violento...

Meu pai se foi... Eu o vi arrumando suas coisas com tristeza no olhar, mas não entendi porque ele estava triste se a decisão foi dos dois.

A mamãe não abandonou nossa casa, mas era como se o tivesse feito. Passou a buscar sua felicidade individual e eu fiquei por conta própria.

Para as pessoas eu não fora abandonado, pois nas leis humanas o abandono afetivo não está catalogado...

Passei a buscar nos amigos, também filhos de pais separados como eu, o consolo que nunca encontrei...

Todos sentíamos um vazio na alma que nada podia preencher. E todos tínhamos algo em comum: a inveja das crianças que tinham pai e mãe juntos.



PAPAI NÃO SE FOI

A vida deveria seguir seu curso, mas em seu lar faltava alguém. Faltava a figura respeitável do pai amado.Sobrava um lugar à mesa. Sobrava o pedaço de frango predileto do papai. O pudim se demorava na geladeira.E Mateus pensava em como suportaria tanta amargura e saudade.No entanto, a volta às aulas, às brincadeiras com a irmã, os piqueniques, as tardes no parque, trouxeram novo alento ao seu coração juvenil.

Um dia, a visita de uma amiga da família trouxe de volta as lembranças tristes.A mãe falava da falta que sentia do companheiro. Dizia que a saudade lhe acompanhava de perto e que era difícil a vida depois que o marido se fora .E Mateus que, não muito longe escutava a conversa das amigas, aproximou-se e disse com a segurança de quem tem certeza:- Mamãe, você disse que o papai se foi, mas eu asseguro que isso não é verdade.

A mãe olhou-o com ternura e desejando consolá-lo, disse:- Sim filho, o papai vive além da cortina que nos separa dele momentaneamente.

- Não, mamãe! O papai vive e viverá para sempre.- Ele vive em mim através de tudo o que me ensinou...

- Quando sou obediente, eu o sinto em minha intimidade porque foi ele quem me ensinou a obedecer.

- Quando sou honesto, lembro-me das muitas vezes que ele enalteceu a honestidade.- Quando perdôo meus amigos, quase o ouço dizer: "filho, quem perdoa não adoece porque não guarda o lixo da mágoa na intimidade.- Quando sinto que a inveja deseja instalar-se em minha alma, lembro-me de ter ouvido de seus lábios: "a inveja é um ácido corrosivo que prejudica quem a alimenta."- E quando, por fim, meu coração se enche de saudade e penso que não mais a suportarei, uma suave brisa perpassa meu ser e ouço sua voz falando baixinho: "filho, eu estou ao seu lado, não duvide".

- E é assim, mãezinha, que eu sei que papai não se foi. Sinto que ele continua vivo, não somente atrás da cortina que temporariamente nos separa, mas também através da herança de amor que legou a todos nós.Quem deseja plantar apenas por alguns dias, planta flores...Quem deseja plantar para alguns anos ou séculos, planta árvores.

Nenhum comentário: