Para casamentos em crise, se gostar repasse e ajude a fazer pessoas felizes
O matrimônio deteriora-se quando não se renova, quando se permite que entre nos trilhos da rotina.
Há uma rotina indispensável e benéfica que nos permite cumprir com regularidade, constância e pontualidade os nossos deveres espirituais, familiares e profissionais. Esta rotina constrói uma estrutura de vida sólida, cria um comportamento homogêneo que nos ajuda a libertar-nos da espontaneidade meramente anárquica, dos caprichos emocionais dissolventes e perniciosos.
Mas existe uma outra rotina, a rotina mortífera, que deve ser afastada como a peste. É uma rotina que, pouco a pouco, como uma sanguessuga, vai dessangrando o con vívio conjugal. Todos os dias um pouco. Imperceptivelmente, endurece-nos, converte os nossos atos em algo mecânico, torna-nos autômatos, robôs sem vida, extingue o calor e a alegria de viver e de amar. Esta rotina provoca um desgaste progressivo na vida familiar, uma perda de energias, uma espécie de anemia vital que torna a existência cinzenta, anódina, incolor.
Lembro-me daquela música dos anos 60 cantada por Ronnie Von: "A mesma praça, os mesmos bancos, as mesmas flores, o mesmo jardim, tudo é igual, assim tão tris te..." Alguns poderiam queixar-se, de forma semelhante: "A mesma esposa, a mesma família, o mesmo trabalho, a mesma paisagem, a mesma "droga de sempre"... É tudo tão triste e cansativo..."
Talvez se consiga continuar caminhando mesmo assim. Externamente, o casal vai mantendo as aparências, como um móvel visitado pelo cupim, corroído por dentro. Por fora, nada se percebe, mas de repente tudo desmorona, os cenários desabam, as fachadas caem e aparece um panorama desolador: "Meu Deus, toda a minha vida, daqui para a frente, vai ser igual"... E entra-se numa espécie de letargia mortífera. Muitas infelicidades, muitas crises conjugais, muitas deserções são provocadas por esse fenômeno.
Quando na nossa vida diária não "contemplamos o amor", não renovamos o amor, caímos nessa rotina que mata. Os mesmos bancos, as mesmas flores, o mesmo jardim, a pesada monotonia do que é sempre igual, deve-se - como dizia ainda a canção - a que "não tenho você perto de mim". Quando o amor está ausente, tudo é tão triste...!
Você talvez já tenha passado por uma experiência parecida. Estava trabalhando numa tarefa extremamente enfadonha, repetitiva, rotineira... e pensava: "Tomara que termine logo"... De repente, alguém que você ama muito pôs-se ao seu lado e disse-lhe: "Deixe que lhe dê uma mão. Ao menos, deixe-me ficar com você até terminar"... E, naquele momento, você murmurou: "Tomara que não termine nunca!" As mesmas circunstâncias mudam substancialmente quando o amor está presente. A mesma família, a mesma esposa..., mas tudo é diferente porque se soube remoçar o amor: as pupilas, dilatadas pelo amor de Deus, pelo amor ao cônjuge e aos filhos, conseguem enxergar uma nova família, uma nova esposa, um novo trabalho todos os dias.
O poeta francês Lamartine passava horas a fio olhando sempre para o mesmo mar. Alguém lhe perguntou certa vez: "Mas não se cansa de olhar sempre a mesma vista?" - "Não - respondeu -; por que será que todos vêem o que eu vejo e ninguém enxerga o que eu enxergo?" A sua alma de poeta permitia-lhe ver realidades diferentes nas paisagens de sempre. A alma contemplativa que o amor nos confere dá-nos também essa acuidade espiritual que nos permite ver mundos novos por trás das aparências sempre iguais do monótono viver diário. Em contrapartida, quando não existe uma viva preocupação por renovar o amor como o fator mais importante da vida conjugal e familiar, aparecem esses matrimônios corroídos pela monotonia.
Lembro-me do Gilberto e da Cida. Acompanhei as suas vidas desde o início do casamento. Amavam-se muito. Gilberto, jovem advogado que achava lindíssima a sua "Cidinha", trabalhou muito e prosperou. Aconselhava-se espiritualmente comigo.
Depois de catorze anos de casamento, Gilberto disse-me um dia:
- O meu casamento entrou em crise. Morro de tédio e monotonia. Todos os dias, quando me levanto, vejo a Cida despenteada, sem se arrumar, horrorosa, com os pés enfiados nuns chinelos horríveis que não troca faz quinze anos, arrastando-se pelos corredores, cansada... Abro a porta do quarto e encontro as crianças, que já são adolescentes, discutindo, brigando... A minha casa parece um zoológico...
"Depois, chego ao escritório e encontro lá a Mônica, uma estagiária. O panorama muda da água para o vinho. Ela é encantadora. Acho que tem uma queda por mim... Aproxima-se, charmosa...: "O senhor parece cansado...; não quer que lhe traga uma aspirina com uma coca-cola?" E afasta-se com um andar cadenciado que me arrebata... Estou perdendo a cabeça... Em casa, sinto-me acorrentado... Tenho necessidade de libertar-me. Por que condenar-me à prisão de um amor que já morreu? O contraste entre a Mônica e a Cidinha é muito forte... Não sei, não... O que me aconselha?...
- Eu lhe daria quatro conselhos - respondi -, mas preciso antes que você me diga se está disposto a cumpri-los.
- Sempre aceitei e pratiquei os seus conselhos, e não é agora, neste momento crítico, que deixarei de segui-los! - O primeiro - prossegui -, é que mande embora a estagiária...
- Não! Isso não!!
- Prometeu seguir os meus conselhos... Ao menos, dê-lhe trinta dias de férias remuneradas...
- Isso sim, posso fazer...
- Em segundo lugar - acrescentei -, leve o seu filho mais velho à igreja em que você se casou, e, diante do altar e do sacrário onde você prometeu à Cida que a amaria até que a morte os separasse, diga ao seu filho que pensa trocar a mãe dele pela Mônica... Já imaginou o que lhe responderá esse seu filho, que lhe parece um "bicho do zoológico", mas que ama o pai mais do que tudo no mundo? Quer que lhe diga?: "Pai, esperaria qualquer coisa de você, menos que fizesse uma cachorrada dessas com a minha mãe"...
- O senhor está sendo duro demais - retrucou o meu amigo.
- Não. Pense que estou apenas adiantando o que, muito provavelmente, lhe dirá o seu filho...
"Terceiro conselho: olhe a Cida com outros olhos, como a mãe dos seus filhos, como aquela que perdeu a juventude e a beleza ao seu lado, que já fez o papel de enfermei ra - quantos remédios ela já não lhe levou à cama! -, mãe e companheira amorosa; e, especialmente, recomendo que aprofunde mais na sua vida espiritual, que está muito desleixada: daí tirará forças. E, por último, antes de ter essa conversa com o seu filho, espere que eu fale com a Cida... Diga-lhe que marque uma hora comigo...
Veio a Cida, toda inocente, desarrumada, despenteada:
- Cida, por favor, arrume a "fachada" e... compre outros chinelos!
A Cida era inteligente. Foi ao cabeleireiro, comprou roupas novas, uns chinelos novos, tornou-se mais carinhosa com o Gilberto, preparou as "comidinhas" de que ele gostava... e terminou "reconquistando" o marido.
Quando a Mônica voltou de férias, o Gilberto dispensou-a sumariamente.
Hoje, Gilberto e Cida são muitos felizes. O filho mais velho formou-se em Engenharia. Nem suspeita de nada. Continua adorando o pai, como os demais irmãos. Mui tas vezes penso o que teria acontecido a essa família se o Gilberto se tivesse deixado enfeitiçar pelo canto da sereia.
É evidente que nem o marido nem a mulher devem permitir esse desgaste. A monotonia densa, pesada, que torna a vida uniforme, insípida, tediosa, insustentável, venenosa, reclama clamorosamente uma renovação.
Outra recordação que talvez seja útil. Um amigo veio-me fazer uma confidência sobre as "amarguras" do seu casamento:
- A Elizabeth está esquisita, anda queíxando-se continuamente de stress; sente-se abafada dentro de casa; diz que não tem horizontes...
- Mas ela era alegre, animada, esportista... Por que você não tem a coragem de perguntar-lhe à queima-roupa: "Que você gostaria de fazer um dia qualquer deste mês? Diga, por favor, rapidinho"...
Ele fez a experiência e ficou "bobo":
- Ela começou a pular e rir como uma criança... "Você fala a sério? Eu quero ir à praia de Búzios e comer uma suculenta peixada depois daquele banho de mar, no mes mo quiosque onde nós íamos namorar..." Quando eu concordei, rindo, foi como se o véu da desmotivação que cobria o seu rosto caísse por terra num instante. Fomos à praia, almoçamos como quando éramos namorados... e regamos a "peixada" com uma cerveja geladinha... O senhor quer saber de uma coisa? Ela não arreda pé ... Cada trinta dias me pergunta: "Vamos a Búzios?" Faz dois meses que não discutimos. Ela está muito bem disposta... parece que o cansaço acabou...
Renovar-se ou morrer, dizem os franceses; é preciso superar essa seqüência cinzenta de dias e semanas; é mister uma renovação de idéias, projetos e programas de vida, introduzindo em cada semana uma pequena novidade, um passeio, um jantar fora de casa, um "dia azul"... e a cada biênio um novo roteiro de férias, uma pequena reforma na casa; e, para as mulheres especialmente, uma renovação da fachada, do visual, do penteado..., esforçando-se por estar sempre atraentes, dentro de casa ainda mais do que fora, a fim de conquistar e reconquistar o seu marido todos os dias.
Mas o que é mesmo absolutamente necessário é o fortalecimento espiritual. Como já dissemos, é do fundo da alma que brotam, como de uma fonte, novas perspectivas de vida. O Espírito Santo permite, como diz a Sagrada Escritura, que a nossa juventude se renove corno a da águia! (SI 102, 5). Todo o amor genuíno, seja qual for a sua natureza, tem em Deus o seu fulcro e o seu término. Por isso, o problema da monotonia, do cansaço, do desgaste do amor conjugal encontra no amor de Deus o estopim da sua renovação: é o amor a Deus, vivido no meio dos afazeres diários, que dilata as nossas pupilas para que possamos, como Lamartine, encontrar no mar da família perspectivas novas, e no rosto do outro cônjuge os valores esquecidos.
Um caso que ilustra esta verdade. O marido - que já tinha passado dos sessenta, e ela idem - vinha-me dizendo havia anos que não suportava mais a mulher, que con viviam, mas trocavam poucas palavras, e que iam à Missa e faziam as suas orações cada um por sua conta. Mas ele sofria com esse seu modo de ser, pouco flexível em questões domésticas, e lutava por vencer-se. Um dia, porém, chegou com um largo sorriso: "Sabe? Desde há um mês, voltamos a rezar juntos, minha mulher e eu". Parece uma bobagem, mas esse gesto comum - rezar juntos - derrubou as barreiras. No início custou, mas pouco a pouco converteu-se no sinal mais claro e mais seguro da reversão de uma crise matrimonial que se vinha arrastando, surda e tristonha, havia décadas.
Uma crise no casamento acontece quando vários fatores conjuntos contribuem para que ela aconteça.
As crises mais comuns no casamento estão relacionadas à dificuldades de comunicação, ao medo de abandono ou rejeição, a problemas individuais, a expectativas diferentes quanto à relação e à visões de mundo diferentes. Muitos casais que procuram psicoterapia alegam como causa principal da crise que estão passando, entre outros:
-ciúmes,
- mudanças no modo de ver ao relacionamento e/ou a si próprio,
-traição,
-divergência na educação dos filhos e na resolução de problemas cotidianos,
-problemas sexuais
A dificuldade de impôr limites e equilibrar a relação é prato cheio para uma crise. É muito comum, por exemplo, após anos de casamento, aquela parte que sempre cedeu mais achar que não recebeu o devido reconhecimento em troca e virar a mesa, o que leva à crise. Entre os problemas individuais que levam à crises estão o alcoolismo e a violência doméstica, por exemplo.
Períodos de mudança no casamento podem levar à uma crise, se o casal não conseguir lidar com o estresse da mudança e com seus efeitos na relação. Estas mudanças demandam adaptação à nova realidade por parte do casal e geralmente estão ligadas a acontecimentos marcantes no casamento. Veja abaixo alguns destes eventos importantes:
Início do casamento
Nascimento do primeiro filho
Educação de filhos, principalmente adolescentes
Afastamento dos filhos de casa após seu crescimento
Aposentadoria
Doença na família
Modificações no trabalho e envolvimento com o trabalho
Por quê muitos casais passam por estes períodos sem viver uma crise, e outros não? Na verdade, a resposta está na dinâmica do relacionamento entre o casal e na estrutura psicoemocional de cada um deles. Cada um destes períodos têm suas peculiaridades e o grau que eles irão afetar um casamento depende muito de cada um dos parceiros e do modo que eles interagem entre si e com as dificuldades.
O período pelo qual o casal está passando pode levar a uma crise, mas não é o único motivo para que crises no casamento aconteçam. Por exemplo, um determinado casal pode viver uma crise com o nascimento do primeiro filho, contribuindo para isso as mudanças no corpo da mulher, o ciúmes normal que o marido pode vir a sentir ao dividir a atenção da esposa, até então inteiramente sua, com o bebê, o que cada um sente sobre os novos papéis que irão desempenhar dali em diante, as expectativas quanto ao novo membro da família, e muito mais, enfim. Por outro lado, um outro casal pode viver uma grande crise por causa do ciúmes excessivo que um deles tem do outro. Aí, não necessariamente há um período específico em jogo, mas sim um modo de se relacionar e de ver o relacionamento, a si mesmo e ao outro, que dia após dia traz conflitos que culminam com a crise propriamente dita.
Para vencer uma crise o casal deve lançar mão de algumas ferramentas, sendo a mais importante a COMUNICAÇÃO.
Caso sinta dificuldades em vencer a crise sozinho ou dependendo da natureza do problema, é importante procurar ajuda de um psicólogo, seja para fazer psicoterapia de casal ou individual. Ter em vista que existe ajuda profissional apropriada é relevante, pois muitos casais vão passando por cima dos conflitos que surgem no decorrer do relacionamento sem resolvê-los em seu íntimo, então os conflitos vão se acumulando e tomando uma dimensão cada vez maior, e o casal acaba só buscando ajuda quando uma enxurrada de mágoas e acusações minou bastante a força do casamento.
Com mais ou menos intensidade, quantos casais já não conviveram em meio a brigas, acusações e falta de carinho como temos presenciado nas cenas de Marta e Alex? A crise chega, se instaura, se alastra e, muitas vezes, não avisa que está ali, destruindo pouco a pouco todos os prazeres de uma relação a dois. “Onde antes havia um clima de cumplicidade e de companheirismo, agora há um clima de conflitos e de desavenças”, explica a psicóloga Olga Tessari.
Ou seja, quando o barco do casamento está afundando, só não percebe quem não quer! Para facilitar a identificação da crise, Olga listou os principais sinais de que um relacionamento acabou ou de que está prestes a acabar se nada for feito a tempo. São eles:
• desinteresse dele(a) por você
• ele(a) costuma alegar falta de tempo
• ele(a) evita ficar a sós com você
• a atividade sexual diminui ou desaparece por completo
• irritação e brigas fúteis por qualquer motivo
• mudança de hábitos e de comportamento. “Você tem a sensação de que está ao lado de `outra pessoa´ e não daquela com quem conviveu por tanto tempo”, explica a psicóloga.
• Falta de respeito e de amizade. “A outra pessoa, que antes tanto lhe valorizava, agora vê apenas os seus defeitos e sempre encontra um motivo para tecer críticas a você”, esclarece Olga.
‘Tristes para sempre... ’
Mas por que os casais custam a dar uma rebordosa na relação quando percebem que ela já não tem mais futuro? Segundo Olga, são muitas as razões que levam uma pessoa a não tomar uma atitude, mesmo diante de um péssimo relacionamento! Ela listou os principais medos que levam ao comodismo:
• de perder o status, tendo que divider o patrimônio
• de não se sentir capaz de cuidar de si mesmo sozinho
• da solidão
• de ficar longe dos filhos
• do comentário e crítica das outras pessoas
• da perda de amigos em comum
• de perder a rotina. “Por incrível que pareça, o ser humano adora rotina e, muitas vezes, mesmo sendo sofrida, prefere manter a rotina a aventurar-se em novas”, explica Olga Tessari.
• Da sensação de fracasso por não ter conseguido manter o relacionamento
Conselhos da especialista
Tomar a decisão certa é difícil. Para ajudar quem se encontra nesta situação tão delicada, Olga Tessari dá algumas orientações:
• O primeiro passo é procurar elevar a sua auto estima: valorize suas qualidades, pare de se culpar e de se sentir um lixo porque o casamento não deu certo.
• Ocupe seu tempo consigo mesmo: faça novos amigos, vá estudar, mude o seu visual (corte o cabelo, compre roupas novas, etc....).
• Evite apenas de se relacionar com outra pessoa logo em seguida. Aquela história de que é preciso um novo amor para curar a dor da perda é lenda! Certamente, se você se relacionar agora, vai acabar repetindo os mesmos erros que levaram ao fim do relacionamento atual.
• Após chorar pela perda durante um período (o luto é normal e natural), arregace as mangas, avalie seus erros e aprenda com eles para que, num futuro relacionamento você possa acertar!
Sexo no casamento
O segredo do bom sexo no casamento é amor e intimidade entre os parceiros, um relacionamento marcado por segurança e harmonia. Tudo vai bem na cama quando a cumplicidade entre os parceiros é tão grande que os dois parecem ser um só. Certo? Errado. As certezas que marcavam as crenças sobre a vida sexual de casais que ficam juntos por muitos anos estão sendo abaladas por uma psicóloga belga, radicada nos Estados Unidos, chamada Esther Perel.
Terapeuta de casais na cidade de Nova York, Esther é autora de Sexo no Cativeiro - Driblando as Armadilhas do Casamento, classificado pelo jornal The New York Times como "uma virada" na literatura sobre o tema. O livro será lançado no Brasil pela editora Objetiva, e se baseia nas concorridas palestras que a psicóloga apresenta nos Estados Unidos e na Europa. Sexo no Cativeiro foge dos batidos manuais de auto-ajuda sobre o tema e lança novas luzes sobre um assunto antigo: como conciliar intimidade com desejo? Como driblar a monotonia que costuma se instaurar com o passar dos anos?
Para Esther, a chave está em fazer o contrário do que pregam as noções tradicionais sobre sexo no casamento: ela diz que o erotismo exige mais distância, menos conversa, um pouco de conflito e muita independência entre os parceiros. "Sexualidade e intimidade afetiva são duas línguas completamente distintas", diz ela. É claro que a psicóloga não está pregando o "relacionamento aberto", nem a discórdia entre marido e mulher. Ela própria é casada e tem dois filhos. A novidade contida em seu livro é o incentivo para que os parceiros abandonem as cordas da segurança e aventurem-se mais, dentro dos limites do próprio casamento. Quando fala em distância, Esther refere-se à capacidade de manter vida própria, ter atividades separadas, preservar a liberdade. Isso ajuda a manter a vontade de reconquistar o parceiro diariamente, diz ela. Quando afirma que brigar pode ser bom, Esther explica que agressividade e raiva são estímulos para o erotismo (leia o quadro à página 98). A um dos casais cuja situação ela relata no livro, a psicóloga recomenda: nada de ficar de mãos dadas o tempo todo. "Vocês abafaram o tesão com a afeição", afirma ela.
Como conciliar, porém, tudo o que o mundo contemporâneo nos ensinou sobre o amor romântico com tudo aquilo que é necessário para manter o desejo numa relação duradoura? De um lado, prezam-se a segurança, o conforto, o companheirismo e a igualdade. De outro, é preciso manter as diferenças, o mistério e a transgressão para que o erotismo sobreviva - é a noção de que só se deseja aquilo que não se tem. Ao longo desta reportagem, estão espalhados depoimentos de casais que tentam (alguns conseguem, outros não) equilibrar as duas coisas. Para todos, a ginástica necessária para unir a velha idéia da alma gêmea com a recente obsessão pela completa satisfação sexual parece impossível de acompanhar. "Vivemos a era do prazer", diz Esther. "Hoje, nossa sexualidade é parte de quem somos, uma identidade, não mais algo que fazemos."
A preocupação sobre a qualidade do sexo no casamento é coisa nova: existe há pouco mais de três décadas. Ela nasceu junto com o movimento s pela emancipação feminina. Até então, mantinha-se a noção (equivocada) de que era o homem quem gostava de sexo. A mulher cedia para a procriação. Para o que mais os maridos quisessem realizar, as aventuras fora de casa eram aceitas tacitamente, desde que a família não soubesse. A legalização do divórcio, a revolução sexual e o advento da pílula anticoncepcional chacoalharam as fundações do casamento mantido à custa da infelicidade da mulher e das puladas de cerca do marido. Elas passaram a ter o direito de decidir quando fariam sexo para ter filhos e quando o fariam pelo prazer. Casamentos ruins, muitas vezes por conta da má qualidade (ou da falta) do sexo, puderam ser desfeitos sem escândalo. A nova ordem fez com que o casamento fosse redefinido como um espaço de satisfação de ambos.
Fizemos um levantamento em dez grandes cidades brasileiras - BELO HORIZONTE, BRASÍLIA, CAMPINAS, CUIABÁ CURITIBA, PORTO ALEGRE, RECIFE, RIO DE JANEIRO SALVADOR e SÃO PAULO - para saber o que nossas leitoras estão fazendo para esquentar a relação,aumentar o repertório sexual e cultivar o erotismo em meio às exigências do dia-a-dia e às pressões do trabalho e dos filhos. Queríamos descobrir até que ponto elas usam a criatividade para evitar que a rotina fira de morte o prazer, em que medida já venceram tabus e qual seu grau de satisfação com os encontros amorosos sob os lençóis. Será que os resultados espelham oque acontece em sua cama?
Prazer pelo prazer
É interessante notar que cerca de dois terços das entrevistadas não fazem a vinculação entre sexo e amor, que era uma tendência feminina", observa a psiquiatra Carmita Abdo, autora do livro DESCOBRIMENTO SEXUAL DO BRASIL (SUMUS). Então, nossas leitoras se mostram perfeitamente capazes de buscar o parceiro apenas para descarregar energia, por exemplo. Para elas, o sexo não é somente um ritual ditado pela afeição mas também uma coisa de pele, de instinto."Para mim, é fonte de felicidade, amor-próprio, prazer, alegria, saúde mental", afirma a publicitária Claudia, 39 anos, de Porto Alegre. "Claro que acontece independentemente de amor, mas com afeto fica melhor ainda", defende Marcia Cristina, 39 anos, professora universitária, também de Porto Alegre.
Nesse quesito, nossas entrevistadas estão dentro da média dos brasileiros. Para a maioria, o sexo rola toda semana. "Acredito que 50% da felicidade no relacionamento é determinada pela vida sexual. Se desse, faria todos os dias. Infelizmente não é possível por causa da correria. Mas estou satisfeita, porque eu e meu marido temos uma sintonia muito boa", diz a produtora carioca Ana Paula, 29 anos. Com dois filhos e a carreira, ela ainda tem fôlego para transar três vezes ou mais por semana. A jornalista Danielle, 31 anos, de Curitiba, tem relações uma ou duas vezes por semana e acha que está de bom tamanho para o seu gás. "Com a rotina - trabalho, casa, filhos -, me tornei um pouco preguiçosa. Tiramos o atraso nas férias. Aí estamos mais relaxados, sem compromissos, e acontece todo dia."
Qualidade aprovada
É certo que, com cinco anos ou mais de casamento, o sexo não é mais aquela coisa arrebatadora dos tempos de namoro. Mas, se de um lado os casais perdem o estado febril, por outro ganham em sintonia fina e cumplicidade. "Com o tempo e a intimidade, aprendemos a conversar mais e a deixar claro o que excita cada um", explica Carla, 38 anos, pesquisadora científica, de Campinas (SP). Quase todas as mulheres que ouvimos procuram meios de sair da mesmice e de evitar que o fogo apague. "Às vezes até realizamos fantasias como transar em locais públicos, no carro. As massagens com cremes antes, durante e depois também são tudo de bom", comenta Camila, 37 anos, psicóloga, do Rio de Janeiro, que está no segundo casamento.
As mulheres não esperam mais, passivamente, o prazer - vão buscá-lo, com energia e imaginação. Uma boa parcela, de fato, ousa nas estratégias. "Faço show de striptease e preparo surpresas. Uma vez, fiquei esperando meu marido nua dentro da sala do seu consultório! Em outra, preparei um ambiente aromatizado, com velas e acessórios, e levei-o lá de olhos vendados", revela a fisioterapeuta paulistana Fernanda, 28 anos. A psicóloga Cristina, 36 anos, de Porto Alegre, é igualmente aberta: "Não tenho frescura, topo sexo anal, ir a motéis ou lugares diferentes, experimento o que aparece e agradeço". Para não deixar a monotonia se infiltra na cama a administradora Luciana, 32 anos, de Curitiba, conta com a ajuda do marido. "Gostamos de caprichar nas preliminares e ele sempre me abastece de brinquedinhos. Já me deu fantasia de tigresa, de Mamãe Noel, de colegial e uma coleção de calcinhas sexy."
A pesquisa não deixa margem a dúvidas: estamos lidando melhor com essa questão. Uma grande porcentagem de leitoras chega ao clímax com freqüência, embora não faça dele o maior ou único objetivo da relação sexual. Se não acontecer, também vale. A psicóloga Ana Cristina Canosa, da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana, acredita que isso se deve ao fato de a mulher valorizar muito a cumplicidade e o carinho. "Em uma transa rápida, às vezes não há orgasmo e mesmo assim é legal. O sexo ajuda a aliviar o stress", garante Alexssandra, 28 anos, gerente comercial, de Curitiba. "Conheço muito bem meu corpo e vou atrás do que me leva ao clímax", diz Márcia, 38 anos, médica, de Salvador. A atitude do parceiro também ajuda. O meu não me apressa, se segura para gozarmos juntos", comenta Élida, 35 anos, bancária, de Belo Horizonte. A comerciante Rosângela, 31 anos, de Cuiabá, e o marido introduziram cremes, masturbação e brinquedos sexuais para garantir o êxtase. Assim fica mais gostoso", diz.
As pessoas traem quando não vêem satisfeitos os seus desejos ou suas expectativas com o parceiro(a), quando o diálogo entre o casal já não existe mais, transferindo essa comunicação para outra pessoa, optando por uma saída aparentemente mais fácil.
Excluem, por vários motivos, a possibilidade de aceitar o outro como ele é e não de que ele seja aquele que desejamos (desejo que jamais será satisfeito).
Ao invés de tentar crescer com seu parceiro, passam a acreditar que só terão alegrias, emoções e crescimento fora do casamento.
Existem muitas razões para a traição: questões culturais, a busca pelo novo, carências, insatisfação, vingança, por causa da sensação de perigo ou mesmo pela sensação de poder...
A idéia de posse existe em quase todas as relações estáveis e as cobranças de fidelidade são normais e aceitas pela sociedade.
Quando o relacionamento se torna rotineiro, monótono, a emoção desaparece: qual ser humano consegue viver sem emoção?
Ceder é a palavra de ordem em qualquer relacionamento o que gera pessoas insatisfeitas, ressentidas e arrependidas do que nunca fizeram... e isto abre uma porta para a traição, a buscar em outra pessoa aquilo que reprimimos por muito tempo em nosso relacionamento. De qualquer forma, a infidelidade é um acontecimento muito mais suportável do que a separação.
OS HOMENS TRAEM MAIS DO QUE AS MULHERES?
Os homens idealizam a mulher perfeita e as mulheres um homem que as apoie a as ajude, confundindo o casamento com felicidade. Reinvindica-se muito do outro, o que gera muitas frustrações, abrindo-se, assim, o caminho para a infidelidade.
Em nossa sociedade patriarcal e machista, os homens são educados para não desperdiçarem nenhuma oportunidade de demonstrar sua masculinidade e sexualidade e a traição masculina é melhor aceita do que a feminina.
COMO AS PESSOAS COSTUMAM REAGIR À TRAIÇÃO?
As mulheres aceitam melhor a traição de seu parceiro por dependência econômica, acomodando-se e omitindo-se por temer pela família e por elas mesmas.
Quando elas descobrem a traição, adotam a postura de mãe compreensiva.
Homens traídos fazem o possível para fingir que não sabem, pois se souberem terão que tomar uma atitude perante a sociedade (que aceita muito melhor a traição masculina do que a feminina).
De qualquer modo, a menos que a relação seja totalmente destituída de sentimentos, é muito difícil suportar a infidelidade.
TRAIÇÃO SIGNIFICA AUSÊNCIA DE AMOR?
Teoricamente, quem ama respeita e quem respeita procura não trair.
Mas há muitos casos em que a traição ocorre apenas para comprovar ou não a existência de amor pelo parceiro e são experiências fortuitas e ocasionais.
Mas quando a infidelidade torna-se uma constante e serve como uma muleta para a manutenção de um relacionamento (buscando-se lá fora a complementação do que não se tem dentro de casa) é hora de se parar e refletir seriamente sobre seus ideais de vida e de relacionamento
De modo geral, no entanto, o poder de sedução é geralmente ligado ao amor e especialmente ao sexo e à mulher, como explica Jean Boudrillard, no livro, Da Sensação:
“O próprio amor e o ato carnal (sexo) são um adorno sedutor, o mais refinado e sutil dentre os inventados pela mulher para seduzir o homem. (...) A sedução é soberana, é o único ritual que eclipsa todos os outros; (...) o fascínio da sedução passa pela atração do sexo. Mas, justamente, passa através e a transcende”.
Muitas expressões e metáforas ligam o amor ou o sexo à alimentação: apetite sexual, lua-de-mel, lábios de mel, alimentar a paixão, etc. O clássico sobre a habilidade e a arte indianas do sexo e do amor, o milenar Kama Sutra, dedica quase um capítulo inteiro às comidas que podem aumentar o vigor sexual.
Entre no mundo das comidas afrodisíacas
“Como definir um afrodisíaco? Digamos que se trata de qualquer substância ou atividade que desperta o desejo amoroso”
“Afrodite” de Isabel Allende
Que mulher nunca foi convidada para jantar por um pretendente como um dos passos da conquista masculina? Que mulher (ou até homem) nunca recebeu uma caixa de bombons sedutores? Segundo o mestre em Educação, Arte e História da Cultura e professor da faculdade de Gastronomia do Senac de Campos do Jordão/SP, João Luís Almeida Machado, esses hábitos e tradições devem ter surgido a partir do século 18, já que “Os restaurantes, da forma como os conhecemos foram criados na França do século 18”, explica.
E o tão falado poder de sedução do chocolate? O professor conta que o famoso sedutor veneziano Giacomo Casanova (1725-1798) degustava uma barra de chocolate antes de suas orgias e os pesquisadores estão descobrindo que os ingredientes do chocolate contém realmente substâncias que provocam reações químicas no cérebro, relacionadas à sensação de bem-estar, como a feniletilamina, que, além de interferir no mecanismo amoroso, produz a serotonina, uma substância estreitamente associada à sensação de bem-estar.
Na relação das comidas afrodisíacas, além do chocolate, você vai encontrar: as pimentas (por estimular, excitar, provocar e ainda por serem infusores de calor), as trufas (cogumelos que, dizem, exalam um cheiro semelhante a um feromônio liberado por javalis antes do acasalamento) e as ostras (Casanova afirmou que aguçava seu lendário apetite sexual comendo 12 ostras no café da manhã e outras 12 no almoço).
A palavra "afrodisíaco" é utilizada desde o século 1 a.C. e deriva de Afrodite, nome da deusa do amor na mitologia grega. Diz a lenda que a deusa nasceu da espuma do mar, depois de Cronos ter castrado seu pai e lançado os genitais na água. Daí a crença de que todos os alimentos que vêm do mar são afrodisíacos.
Em seu livro Afrodite, Isabel Allende conclui:
“Os afrodisíacos são uma ponte entre a gula e a luxúria”.
E se ainda estamos engatinhando nas explicações científicas sobre os efeitos de comidas afrodisíacas e, ainda estejamos longe de um consenso, existe pelo menos um aspecto onde há unanimidade: esse poder da culinária afrodisíaca está mais relacionada à mente que ao corpo e, sobretudo, à cultura, afinal, “cozinhar é uma ação cultural que nos liga ao que fomos, somos e seremos e, também, como o que produzimos, cremos, projetamos e sonhamos”, como lembra a historiadora Maria L. Leal, em seu livro A história da gastronomia. E continua:
“A fome biológica distingue-se dos apetites, expressões dos variáveis desejos humanos e cuja satisfação não obedece apenas ao curto trajeto que vai do prato à boca, mas se materializa em hábitos, costumes, rituais, etiquetas. Muitos antropólogos já sublinharam o fato de que nenhum aspecto do nosso comportamento, à exceção do sexo, é tão sobrecarregado de idéias”.
Por que será que ao longo da história os homens acabaram ficando tão famosos como “grandes chefs”?
Figuras como La Varenne, Grimod de la Reynière e Vatel entraram para a posteridade como grandes mestres da gastronomia que “refere-se à arte de preparar iguarias, tornado-as digestivas, de modo a obter o maior prazer possível”. E é claro que também acabavam sendo profundos conhecedores dos alimentos afrodisíacos, como relata com bom-humor Luigi Cassone, em Drinques e pratos afrodisíacos:
“os bons caçadores das alcovas eram ao mesmo tempo gastrônomos que sabiam não somente levantar as saias das mulheres, mas também levantar as tampas das panelas; assanhavam-se com as novidades e a procura de novos afrodisíacos”.
No entanto, assim, no dia-a-dia, a cozinha sempre foi lugar de mulher e, muitas vezes, esta relação apareceu de forma pejorativa, como na expressão “lugar de mulher é na cozinha”.
Talvez porque não tivessem tanto acesso à escrita, as mulheres ficaram de fora da literatura gastronômica, mas nunca ficaram realmente longe da cozinha e das artes de sedução. Segundo o mestre em Educação, Arte e História da Cultura e professor da faculdade de Gastronomia do Senac de Campos do Jordão/SP, João Luís Almeida Machado a relação da mulher com a culinária vem da pré-história: “Nesse período as mulheres auxiliavam na obtenção dos alimentos através da coleta e, posteriormente, passam a ser responsabilizadas pela agricultura. Moíam os alimentos, passaram a manusear o fogo e a cozinhar”, explica.
Mas, parece que foi numa religião pagã que as mulheres descobriram o poder e as delícias da gastronomia. Hoje, ao percorrer as prateleiras de qualquer livraria ou ao se fazer uma busca em livrarias virtuais, é possível encontrar inúmeros títulos dedicados à culinária Wicca.
Enquanto a culinária representou status e poder (político, econômico ou social) para os homens, para as mulheres ela parece ter adquirido um outro tipo de significado de poder: a sedução. Afinal, como ensina Jean Boudrillard: “O poder do feminino é o da sedução”. E ainda ajuda a lembrar: “O feminino é já não o que se opõe ao masculino, mas o que seduz o masculino”.
Alguns autores relacionam a origem da bruxaria com a revolta feminina contra a misoginia medieval, época em que a sexualidade (especialmente dos pobres) era duramente reprimida pela Igreja. A professora de História da PUC, de São Paulo, Leda da Motta comenta que na Idade Média as mulheres chamadas “bruxas” estavam assumindo papéis negligenciados tanto pela Igreja quanto pelo Estado, o que incomodava muito esses dois poderes:
“Elas manipulavam ervas medicinais curando e aliviando a dor de doentes e aflitos, prestavam serviços espirituais, preparavam magias para conquistas”.
Quem sabe não foi mesmo na cozinha que a mulher encontrou uma maneira de criar e pensar, longe da repressão masculina. Márcia Frazão, bruxa e escritora lembra que muitas mulheres foram condenadas à fogueira pela Inquisição por conseguirem transformar poucos ingredientes em deliciosos e apetitosos pratos.
Milhares de mulheres-cozinheiras-bruxas foram queimadas vivas durante essa época, mas a arte da Wicca sobreviveu e hoje até os homens se aventuram nesta área. Preparar encantamentos na cozinha e pratos enfeitiçados, no entanto, ainda parece ser domínio delas: “na cozinha compreendi o mistério do poder das fêmeas: o maravilhoso dom, que possuímos, de nutrir o mundo e torná-lo um lugar onde todos desejam viver”, explicou Márcia Frazão. A bruxa ainda reforçou:
“é na cozinha que as ervas revelam o misterioso poder de conquistar o objeto de desejo e torná-lo súdito da luxúria”.
A jornalista Ruth Joffily certa vez comentou que nos anos 60/70 as mulheres se afastaram das cozinhas. Para as feministas, cozinhar passou a ser uma representação “da subserviência da mulher à sociedade patriarcal”. Hoje, contudo, segundo ela, a mulher moderna pode
“resgatar o caminho feminino e nos provar que dá para ser contemporânea/atual sem abrir mão da nossa dita feminilidade”.
Desejo sexual, cheiro de cravo e canela e filmes de dar água na boca
Privadas de voz ativa e de prazer sexual, no passado, era na cozinha que as mulheres depositavam seus desejos e frustrações como a Tita (Lumi Cavazos) do filme “Como Água para Chocolate”. O movimento feminista afastou as mulheres da cozinha e aproximou-as do sexo sem culpa e do sucesso profissional. Hoje, entretanto, elas estão voltando a ocupar seu lugar atrás dos fogões (compare a Tita com a independente personagem de Juliette Binoche, no filme “Chocolate”), perderam o medo de buscar o prazer, seja na cozinha ou na vida profissional, e colocaram seu poder de sedução em prática. A mulher de hoje descobriu que pode ser independente sem perder sua sedução e que neste sentido, a paixão pela cozinha pode até ajudar, como é o caso da Isabella (personagem de Penélope Cruz) em “Sabor da Paixão”.
No seu livro famoso sobre comida e sexualidade, Afrodite, Isabel Allende, propõe:
“apetite e sexo são os grandes motores da história, preservam e propagam a espécie, provocam guerras e canções, influenciam religiões, lei e arte. (...) Gula e luxúria, que tantas loucuras nos fazem cometer, têm a mesma origem: o instinto de sobrevivência”.
Se sexo e culinária foram e são fundamentais para a construção da história, da cultura e da sobrevivência da espécie humana, pergunta-se: o que seria de nós sem o tempero da sedução gastronômica e sexual?
Créditos de pesquisa : Marcelo Svoboda
Olhovivo171@hotmail.com
sábado, 27 de fevereiro de 2010
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