A ortografia: por que tão complicada?
A ortografia é a padronização gráfica da língua e deve obedecer às regras próprias do idioma. No entanto, a fala é mais dinâmica do que a escrita e se modifica muito mais rapidamente. Isso se reflete na escrita, que acaba se distanciando da fala. As reformas ortográficas são uma tentativa de aproximar fala e escrita (ainda que várias outras questões estejam envolvidas).
Um dos problemas da ortografia do português é a mistura de critérios: o etimológico (de origem da palavra) e o fonológico (o som da palavra).
Boa parte do vocabulário da língua portuguesa tem origem latina, e mesmo essas palavras não seguem rigorosamente o critério etimológico. O critério fonológico também é bastante complexo, uma vez que temos diversas letras que representam o mesmo som (por exemplo, s, ss, ç, c). O que acontece é que, ao preservar a grafia de acordo com a origem da palavra, usam-se diversas letras com o mesmo som. E por mais que se criem regras, o que vemos na prática é uma confusão generalizada.
Assim, fizemos um levantamento das palavras mais frequentemente grafadas em desacordo com a ortografia oficial:
- Ansiedade ou anciedade?
É anSiedade, com S. Todas as palavras da mesma família também são grafadas com S: ânsia, ansioso, ansiolítico, etc.
- Azia ou asia?
É azia, com z. A origem da palavra não é clara, então ela faz parte do grupo das palavras sem explicação!
Bebezinhos ou bebesinhos?
É bebezinhos, com z. Quando formamos o diminutivo no português, usamos o sufixo -zinho. A confusão surge quando a palavra termina com S ou está no plural.
A regrinha básica de diminutivos com plural é a seguinte:
Palavra + zinho + s
Bebê + zinho + s = bebe zinho s. O acento não é usado porque a sílaba forte mudou para o ZI de bebeZinhos, e nesse caso não leva acento.
- Cesárea ou cesária?
É cesárea, com i. Essa palavra veio para o português como empréstimo da palavra francesa “césarienne” e foi reduzida informalmente de “cesariana” para “cesárea”. Acredito que essa redução tenha sofrido a influência de uma tendência terminológica das áreas biomédicas (com ênfase na biologia) de acrescentar o sufixo –eo ou –ea a termos como “tireoideo”, “laríngeo”, etc.
- De repente ou derrepente?
É de repente. É muito provável que ocorra com “de repente” o mesmo que ocorreu com palavras como: porventura, porquanto, embaixo, talvez, entre tantas outras, em que duas palavras passam a ser reconhecidas como uma só palavra, com um único significado e, portanto (outro bom exemplo!), grafadas sem espaço.
- Fralda ou frauda?
É fralda, com l. Mas vejam como ela já passou por transformações: era "faldra", e antes disso era "falda". Hoje é grafada com l.
- Gravidez ou gravides?
É gravidez, com z no final. É a combinação da palavra grávida + ez. O sufixo -ez é o mesmo encontrado nas palavras timidez, escassez, etc.
Plural de gravidez (dúvida da Rose_rj):
É gravidezes. Sim, é estranho!
Palavras terminadas em R, N, S e Z, quando no plural, recebem o S indicativo de plural + o E antes do S.
Exemplos:
Lares, hífenes (mas aceita-se também hifens), países, vezes, gravidezes.
Uma sugestão é substituir “gravidezes” por “gestações”.
- Mou N?
Dica da lih: a mamãe não fica longe do papai nem do bebê.
Por exempo:
Pronto, frente, crente, gente
Ambição, pombo, pimba
Dica da denisew: o M além de ser antes do P e B tb é no fim da palavra, como, por exemplo: correm.
- Mal e mau (sugestão da luteixeira)
Dica da denisew:
Mal é oposto de bem.
Mau é oposto de bom.
Substitua pelo oposto, e qual fizer sentido vc escreve, logo aprenderá quando usar cada um.
- Mas ou mais?
O "mas" é uma conjunção, "mais" é advérbio, pronome e até preposição. Como diferenciar um do outro?
Uma dica é substituir o "mas" por "menos". Se a frase fizer sentido, é "mais".
Exemplo: Quero viajar mais não tenho dinheiro.
Se substituirmos o "mais" por "menos", a frase vai ficar sem sentido. Então o certo seria o "mas" sem o i:
Quero viajar, mas não tenho dinheiro.
Dica da denisew:
Uma dica bem fácil é q o MAS sempre pode ser substituído pelo PORÉM (qd fizer sentido com o "porém", vc usa o "mas").
Este tb sempre vem antecipado de vírgula.
- Meio ou meia?
Dica da anapaul@:
Para saber quando e como usar as palavras meio e meia, tente substituir essas palavras por mais ou menos e metade.
Onde couber a palavra mais ou menos, usa-se a palavra meio. Por exemplo:
Eu estou meio ocupada hoje. (meio ocupada = mais ou menos ocupada)
Onde couber a palavra metade, usa-se a palavra meia, exemplo:
Eu comi meia maçã. (meia maçã = metade da maçã)
Agora são onze e meia. (Onze horas + metade de uma hora, meia hora)
- Nós ou nóis?
É "nós", sem o i, mesmo que nos fóruns do e-family seja comum o uso do "nóis" em situações de descontração, como ao dizer "é nóis na fita" ou "este mês é nóis", e assim por diante.
- Talvez ou talvês:
É talvez. A origem da palavra é a união entre tal + vez. Quando em dúvida, é só lembrar de “vez”.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
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